Gráficos ultra-realistas. Dinâmica de gameplay baseada em quick time events que acontecem em momentos específicos. Narrativa muito bem estruturada. Desenvolvimento coerente de personagens verossímeis. Escolhas que podem alterar o desfecho da história e que aumentam instantaneamente o fator replay. Eu poderia ficar horas tentando encontrar diversos outros termos técnicos para elogiar“Beyond: Two Souls”, mas eu vou simplesmente resumir como uma experiência.
O diretor francês David Cage já tentou abordar questões paranormais e mediúnicas em seus trabalhos anteriores (com exceção de Heavy Rain que acabou sendo em seu resultado final umthriller policial), e eis que enfim ele conseguiu acertar a mão.
Na trama, somos apresentados à Jodie Holmes (devidamente “protagonizada” pela atriz Ellen Page), uma criança que nasceu com uma entidade invisível “acorrentada” à sua alma, e que ela chama carinhosamente de Aiden. Ele vive neste plano da realidade e acompanha e auxilia a garota, lhe fornecendo poderes paranormais como telecinese, clarividência e em alguns momentos até mesmo mediunidade e possessão.
Tal como um filme de Quentin Tarantino, acompanhamos a história destas duas almas através de fragmentos em ordem não-cronológica, por 15 anos suas extraordinárias vidas. Apesar de parecer confuso a princípio, é interessante notar, porém, como desta forma tudo faz mais sentido, e o quebra-cabeça vai se alinhando aos poucos, tanto na mente de Jodie, como na mente do jogador.
Pessoalmente, eu acredito não ter aproveitado Beyond em seu potencial máximo, justamente porque fiz escolhas durante o gameplay baseando-se em minha pessoa – no que eu faria na pele da Jodie… Mas ela é tão bem trabalhada que parece ter vida própria e, portanto, parece errado fazê-la vestir a nossa pele. Foi só quando eu terminei o jogo e vi o resultado de minhas escolhas até ali, que eu percebi que eu era uma mera telespectadora, e desta forma, deveria tê-la ajudado a perseguir seu próprio caminho ao invés de moldá-la à minha semelhança.
É difícil tentar comentar sobre Beyond sem levantar spoilers, pois controlamos Jodie e Aiden em diversos momentos e situações diferentes, e cada uma delas é uma experiência muito bem estruturada que trabalha em sincronia com o conjunto da obra. Às vezes o jogo se parece mais com um seriado de televisão do que um filme. O roteiro – que segundo Page, possui mais de duas mil páginas – possui sim muitos clichês e resoluções mal contadas e convenientes para alguns conflitos, mas em contraponto, é fácil se apegar também aos personagens coadjuvantes, o que nos faz ponderar cuidadosamente sobre as escolhas que fazemos a fim de tudo dar certo para eles e para Jodie no fim daquele capítulo.
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